quinta-feira, 3 de março de 2011

Vem e vai...


Só queria mais tempo para o dia de hoje, de amanha e depois, para todos aqueles dias em que vou no autocarro a olhar para a janela sem ver nada... Só o sol, a sua luz a vir e a ir, vezes e vezes sem conta, por entre as arvores, pelas casas, pelos muros, por todos os obstáculos. Esses dias fazem-me pensar, reflectir até. Como é possivel eu estar aqui a queixar-me do tempo? Dos testes, dos trabalhos das chatices do dia-a-dia? Bem não sei... Mas sei que devia aproveitar mais o meu tempo, parar e olhar para o céu, para o sol, as nuvens e os seus desenhos tão perfeitos que nos fazem sonhar, pelo menos a mim fazem-me sonhar. Quando somos pequenos e nos dizem que alguém morreu dizem que foram para o céu e que se tornaram estrelinhas, as mais brilhantes do céu, tudo para não terem que explicar ou até conjugar o verbo morrer. Mas quando crescemos e alguém morre nós sabemos o que isso é, a principio sente-se um vazio, um vazio estranho, um vazio que te trespassa o coração, destroi-o, mata-o, depois as lágrimas caem sem controlo ou consolo da tua dor, choras, gritas, soluças, entras em pânico, e de repente conjugas o verbo morrer a toda a gente a seguir ao nome da pessoa que desapareceu. Passado um ano não consegues conjugar o verbo morrer a seguir a esse mesmo nome, porque? Porque a tua mente constroi a vida dessa mesma pessoa na tua mente. Estranho han?
Nos dias em que vou no autocarro a olhar para a janela sem ver nada... Só o sol, a sua luz a vir e a ir, vezes e vezes sem conta, por entre arvores, pelas casas, pelos muros, por todos os obstáculos, Esses dias fazem-me pensar em ti...